Nesta terça-feira, 3, aconteceu a terceira paralisação parcial dos trabalhadores do transporte coletivo de Blumenau. Mais uma vez a categoria atendeu a determinação judicial e apenas cerca de 10% da frota foi atingida.
A novidade é a manifestação de dois grupos antagônicos: os partidos que compõe o Fórum de Esquerda em Blumenau – PT, PSOL, PCdoB e PC – e o Sindilojas emitiram notas oficiais, que publicamos agora.
NOTA PÚBLICA
Transporte Coletivo de Blumenau
Blumenau, 03 de Março de 2020.
Blumenau vive, mais uma vez, uma situação de descaso com o transporte público por parte da Prefeitura de Blumenau. Desde o início do contrato de concessão dos serviços e a entrega da operação para a empresa Piracicabana/Blumob, o transporte coletivo municipal está entregue aos desmandos da empresa operadora e as omissões do executivo municipal.
Temos visto a diminuição da oferta de serviços públicos, com o corte de horários, aglutinação de linhas e a consequente superlotação dos ônibus e o desconforto para a população que usa o transporte coletivo. Além disso a programação da operação tem exigido dos motoristas e cobradores um esforço excedente para o cumprimento das escalas, gerando atrasos e superlotação nos ônibus.
O argumento do executivo municipal de que a diminuição dos serviços seria uma adequação a realidade do sistema e causaria uma redução da tarifa não foi executado, sendo a empresa operadora remunerada com valores atualizados anualmente e beneficiada com aproximadamente 70% da receita do sistema antecipadamente através de cartões, carregados no início de cada mês.
Desde que iniciou a operação a Piracicabana/Blumob teve aumentos tarifários da ordem de 17,80%, com a tarifa passando de $3,65 para $4,30, ficando claro que as demandas da operadora são prontamente atendidas pela AGIR e referendadas pelo Prefeito Municipal.
Defendemos que o sistema de transporte coletivo seja amplamente revisto, com a valorização dos trabalhadores, a revisão das tabelas de horários visando ampliar a oferta do serviço, a modernização da frota de ônibus com a inclusão de novas tecnologias, inclusive visando a redução da utilização de combustíveis fósseis e ar condicionado nas principais linhas.
É inadmissível que a Blumob se recuse a negociar com o SINDETRANSCOL a data base da categoria desde novembro de 2019, que a Prefeitura continue a manter sua posição alinhada aos empresários e que os trabalhadores sejam obrigados a paralisar as suas atividades pela garantia de seus direitos. O transporte coletivo é uma concessão pública e a Prefeitura de Blumenau precisa assumir sua responsabilidade e garantir uma mesa de negociação entre as partes.
Assim, os partidos que subscrevem este manifesto são solidários com os trabalhadores do transporte coletivo organizados em seu sindicato e propomos que a esta luta se amplie na defesa do serviço público de qualidade e acessível, visando priorizar a melhoria da mobilidade urbana.
PSOL, PCdoB, PT e PCB – Fórum de Partidos de Esquerda de Blumenau.
COMUNICADO SINDILOJAS
MAIS RESPEITO COM A COMUNIDADE DE BLUMENAU
Pela terceira vez neste ano, Blumenau amanhece com paralisação parcial no transporte público. E novamente, a classe trabalhadora, estudantes e as comunidades desfavorecidas – que são os mais dependentes do transporte coletivo em nossa cidade – sofrem as consequências imediatas.
Por meio de seu sindicato, motoristas e cobradores anunciaram nesta segunda-feira a paralisação. Mantiveram-se os 90% de trabalhadores em atividade, como determina a lei. Mas mesmo com apenas 10% da frota paralisada, as consequências são as piores possíveis.
O sindicato exige ganho real de 5%, sendo que houve reposição inflacionária e anuênio de 1%. Não se trata de uma categoria mal remunerada, ou que não recebe benefícios. Pelo contrário, motoristas e cobradores são bastante privilegiados em comparação a outras categorias sindicalizadas.
Tal tática de guerrilha gera insegurança em trabalhadores e toda a cadeia produtiva da cidade. Muita gente prefere não sair de casa por conta da incerteza gerada, deixando até mesmo de pagar as contas em dia, ou de passar por um importante procedimento médico. Empregados acabam se atrasando ou não comparecem ao trabalho, dependendo de caronas, do táxi ou do transporte por aplicativo.
O resultado: vários setores, sobretudo o de serviços em geral e o do comércio, sentem na carne os efeitos da iniciativa dos sindicalistas. Trabalhadores autônomos ou microempreendedores deixam de faturar. Cada dia paralisado é um dia de arrecadação prejudicada. A situação impacta também nos serviços prestados pelo poder público, seja no nível estadual ou no municipal. Todo mundo sai perdendo.
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