Aroldo Bernhardt
Professor
George Carlin, nova-iorquino lamentavelmente já falecido, fazia uma crítica social mordaz, ferina e certeira. Dizia entre outras (muitas) coisas que nós somos todos meros expectadores do circo de horrores que se apresenta à nossa volta.
Falava da sociedade em que viveu, mas quase tudo se aplica ao mundo todo e agora, mais que nunca, ao Brasil. Dizia que “chamam de sonho americano porque você tem que estar dormindo para acreditar”. Pois é, aqui em nossas bandas tupiniquins fazem de tudo para impedir inclusive que o povo sonhe e tenha esperanças.
Escrevo isso enquanto a cidadania consciente está de luto pelo incêndio do Museu Nacional que, literalmente, obliterou um acervo cultural e histórico de valor inestimável. Uma tragédia que a imensa maioria da nossa gente desconhece (em especial as autoridades que agora, dedo em riste, hipocritamente, apontam uns aos outros como responsáveis). Tragédia, sim, mas apenas uma mostra do que no picadeiro dos horrores se desenrola.
Considero que, no caso brasileiro, a hecatombe política e social mais abrangente (por estender influência pernóstica para as demais dimensões da vida humana associada) se refere ao contínuo e sistemático dilacerar da nossa Constituição Cidadã.
Outro dia, escrevi, e o artigo foi gentilmente acolhido aqui neste espaço, que um dos fatores que debilitam os conceitos centrais da nossa Carta Magna é o ativismo político e partidário, jamais visto anteriormente, de boa parte do Poder Judiciário, aí incluídos parte do Ministério Público e da Polícia Federal. Deveriam exercer o poder moderador, mas lhes falta comedimento e espírito público.
Houve golpe ou não houve golpe? Não importa mais, o que importa agora é o caos crescente. O processo eleitoral deste ano está confuso e decepcionante como nunca. Candidatos que ontem se mancomunavam com um governo absolutamente reprovado pela opinião dos brasileiros, agora fogem do Temer como o diabo foge da cruz (a bem da verdade está difícil saber quem realmente é o diabo).
Aliás, um deles, figura chave no esquema temerário, afirma que tem sido sistematicamente chamado para ser o salvador e, em obra de arte ilusionista, não menciona que até ontem era o Ministro da Fazenda, todo poderoso e respaldado pela plutocracia. Mas há coisas piores.
Economia em frangalhos, despencando junto com a tal “Ponte para o Futuro” que projetaram para enganar os incautos; imagem do país conspurcada por continuados atos de irracionalidade e de justiça seletiva; riquezas pátrias espoliadas na caradura e eleição sob legislação que favorece os candidatos mais ricos, sob desconfiança, descrédito e desesperança do povo. Com tudo isso o “não-voto” tem tudo para vencer as eleições – o que faz lembrar a consagração do rinoceronte Cacareco que nas eleições de 1959 foi o mais votado de São Paulo.
Bem, naquela época o voto era realizado em cédulas de papel – com o voto digital fica mais difícil eleger um rinoceronte, porém nada impede a eleição de um “equus cabalus”.
Espero contudo que o Carlin dessa vez esteja enganado e que o nosso povo deixe de ser expectador e possa fazer valer a sua vontade.
Caro Professor ,
O Brasil esta desta forma porque durante 13 anos elegeram dois “Equus Asinus” do PT para presidir o país .