Elon Musk iniciou a semana com uma conferência para investidores da Tesla. O foco não esteve em números financeiros, mas em apresentar detalhes da tecnologia de condução autônoma da marca: para o executivo, a empresa estará apta a entregar veículos totalmente autônomos até o fim do ano e, em 2020, poderá colocar um milhão de “robotáxis” nas ruas.
O Tesla Autonomy Day, como a conferência foi chamada, durou quase três horas. O otimismo típico da personalidade de Musk não faltou no evento. Nem poderia: ainda nesta semana, a Tesla vai apresentar resultados financeiros e, por conta dos atrasos na produção do Model 3, as expectativas não são positivas. A companhia precisa manter os ânimos dos investidores com relação ao futuro, portanto.
Parte do desafio para a criação de tecnologias autônomas para carros está no hardware. Pois bem, a solução apresentada pela Tesla é o Full Self-Driving (FSD), um computador fabricado em parceria com a Samsung. O componente teve seu desenvolvimento liderado por Pete Bannon, especialista em chips que, antes da Tesla, trabalhou na Apple.
A placa contém duas unidades de um chip — trata-se de um sistema redundante — que consegue lidar com 144 tera-operações por segundo (TOPS) em aplicações de redes neurais. Para fins de comparação, o processador para carros autônomos Nvidia Xavier trabalha com até 30 TOPS (a Nvidia diz, porém, que a comparação deveria ter sido feita com o Drive AGX Pegasus, que chega a 160 TOPS).
Por ser redundante, a condução autônoma será mantida mesmo se um dos chips principais falhar. Nessas circunstâncias, o chip defeituoso é isolado enquanto o outro mantém a operação. Existe a possibilidade de que ambos falhem, mas as chances de isso acontecer são muito pequenas, diz a Tesla.
Para Elon Musk, o FSD (outrora chamado de Autopilot Hardware 3.0) é, atualmente, o computador mais avançado do mercado para condução autônoma. Ele é complementado com GPU e aceleradores de aprendizagem profunda, por exemplo, e recebe dados de câmeras, radares e sensores.
Mas o próprio Musk observa que, para tudo isso funcionar, é necessário melhorar o software. Para tanto, a Tesla ressalta que tem treinado seu sistema de redes neurais com base nas interações dos veículos da marca que estão nas ruas.
Um dos mecanismos usados para esse fim é o chamado “modo sombra”: com ele, a Tesla coleta diversos tipos de dados que podem ser úteis para o treinamento do sistema, como sinais que indicam que um carro à frente vai mudar de faixa ou que alguma manobra perigosa está prestes a ser executada por um veículo próximo.
Musk reconhece que, apesar dos avanços, refinar o software continua sendo um grande desafio. Mesmo assim, ele acredita que a tecnologia da Tesla estará desenvolvida o suficiente para que, até o fim do ano, carros da marca possam ter condução autônoma completa.
O otimismo é tão grande que Elon Musk acredita que, em 2022, a Tesla já estará apta a fabricar os primeiros carros autônomos sem volante e pedais (embora, presumivelmente, a produção de um veículo como esse dependerá da autorização de órgãos reguladores).
Antes disso, em 2020, Musk espera que a Tesla tenha um milhão de “robotáxis” operando em cidades como Nova York e San Francisco. A companhia ficaria com algo entre 25% e 30% do valor de cada corrida. Em complemento, donos de veículos Tesla poderiam ganhar cerca de US$ 30 mil por ano ao permitir que seus carros atuem como táxis autônomos quando estiverem fora de uso.
Soa como uma previsão utópica, especialmente se levarmos em conta que a Tesla não é muito precisa com relação a datas. Mas Musk reafirmou na apresentação que o hardware necessário para esse cenário está pronto. Para ele, agora é mesmo questão de aperfeiçoar o software.
Desde o mês passado que os carros Model S e Model X saem de fábrica com o FSD. Já o Model 3 passou a contar com o computador neste mês.
Fonte: Tecnoblog
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