O site de notícias The Intercept_Brasil, que faz um importante trabalho de jornalismo investigativo e recentemente revelou as conversas “estranhas” entre o juiz Sérgio Moro e os promotores da Operação Lava jato, traz SC para os holofotes nacionais.
A reportagem diz que o Governo Carlos Moisés comprou 200 respiradores, a um custo de R$ 33 milhões. A promessa é que estes equipamentos chegariam em abril, mas agora ficou para junho.
O custo unitário, segundo o site, é maior que a União tem pago, R$ 165 mil contra uma média entre R$ 60 e R$ 100 mil.
Outra situação que chamou a atenção do portal foi a empresa vencedora, a Veigamed, uma empresa do Rio de Janeiro sem histórico de vendas desse aparelho e especializada no comércio de outros produtos hospitalares. No site da empresa não consta a venda de respiradores, equipamento fundamental no combate ao Covid-19.
A reportagem aponta uma série de situações no mínimo escabrosas, como o endereço da empresa, a participação de uma importadora de Joinville que não ocorreu e a apresentação, depois de uma recomendação interna, de outros dois orçamentos de empresas que não tem em seu portfólio a venda de respiradores. Para piorar, as duas empresas, em tese, funcionariam no mesmo endereço.
O Governo já pagou antecipado os R$ 33 milhões, outro processo não usual.
Após o contato da equipe do Intercept_Brasil, o Governo notificou a empresa sobre a entrega dos equipamentos. O primeiro lote de 100 deveriam estar em SC no dia 7 de abril. Nesta segunda-feira, 27, o Governo pediu o cancelamento da compra, multa de 10% do valor do contrato e suspensão de seis meses para a Veigamed firmar novos contratos com o Estado, mas sem citar os R$ 33 milhões já pagos à empresa, segundo o site.
Na semana passada, foram enviadas “14 perguntas sobre os erros encontrados no processo de dispensa de licitação dos respiradores, como a ausência de identificação das empresas candidatas e a falta de análise técnica do modelo substituto ao contratado. A assessoria de imprensa do governo se limitou a responder que o secretário de Saúde, Helton Zeferino, não conhece Rafael Wekerlin e que instaurou um processo administrativo para apurar a compra dos respiradores pulmonares da empresa Veigamed”.
Em resumo, de acordo com o texto literal do Intercept:
“Ou seja: o governo comprou um modelo de respirador acima do preço, mas o vendedor trocou o aparelho sem consultar o poder público; os equipamentos só devem chegar com dois meses de atraso; e só então os técnicos da Secretaria de Saúde vão analisar se o respirador é apropriado para tratar pacientes de covid-19. Caso não sejam, todo processo de escolha de comprador e equipamento, que começou em março, estará descartado, e o governo terá que entrar em uma batalha para reaver os R$ 33 milhões pagos antecipadamente. Enquanto isso, equipes de saúde de 48 unidades hospitalares do estado seguem aguardando pelos aparelhos para salvar vidas no combate à covid-19. ”
A reportagem completa você confere aqui.
Vale lembrar da desconfiança que gerou a contratação do hospital de campanha em Itajaí, iniciativa cancelada depois de denúncias e suspeitas.
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