Uma inciativa que poderia ser boa, mas com uma estratégia errada

Nesta semana fomos surpreendidos com a proposta de revitalização do Parque Ramiro Ruediger, o nossa único parque de lazer, por parte de um empresário até então pouco conhecido na cidade.

José Figueiredo, da Villard empreendimentos imobiliários, convocou uma concorrida coletiva de imprensa nesta quarta-feira, e depois tem percorrido os meios de comunicação para explicar sua proposta. Nesta quinta-feira, conversei com ele na Rádio Nereu Ramos, com transmissão ao vivo pela Facebook do Informe. Ele estava acompanhado do advogado Luiz Carlos Nemetz,  responsável pela estruturação jurídica do negócio.

Foi uma entrevista contundente, sem meio termo.

Mas ao querer impor a sua proposta, com frases do tipo “se Blumenau não quiser levo o empreendimento para outra cidade” e o “Parque Ramiro Ruediger está um lixo”, ele afasta qualquer possibilidade de empatia com a população, desdenhando uma área que, mal ou bem, atende a população.

Eu sou um, que frequento o Parque Ramiro Ruediger com meus filhos pequenos e considero ele satisfatório, claro, reconhecendo que sempre há espaço para melhorar.

O que eu queria mesmo – e muitos blumenauenses – eram mais parques como o Ramiro e este foi um questionamento que muitos jornalistas – inclusive eu – fizeram ao empresário, porque não investir em outras áreas.

Bom é um direito dele. O dinheiro é dele, ele sabe onde quer aplicar. Até aí, tudo certo.

A proposta é interessante e não tem nada que muitos estão querendo pintar, como cobrar ingresso para entrar, coisas deste tipo.

O parque seria gerido sim pela iniciativa privada, mas manteria público praticamente toda sua área, que ganharia melhorias significativas: novos banheiros, com fraldários, quadras de esporte revitalizadas, campos de futebol com grama sintética, novo playground, novos equipamentos de academia, central de vídeo monitoramento, segurança, entre outros itens.

Tudo com mais qualidade e gratuito.

O parque também teriam serviços que não tem hoje: pedalinhos, aluguel de bicicletas, uma tirolesa, espaços de alimentação em vários pontos, praça de alimentação, uma academia e até uma cervejaria.

Neste caso, quem tiver interesse, deverá pagar. Nada mais justo, afinal é um serviço diferenciado  que está sendo oferecido, e claro, tem um custo.

O empresário José Figueiredo garante que 82% da área atual do Parque Ramiro permanecerá pública. Garante que os espaços verdes serão mantidos, assim como a quadra de skate.

Ele estima o investimento em R$ 5 milhões. O lucro dele viria das operações dos novos serviços e de espaços de propaganda.

O que o empresário está fazendo é absolutamente legal. Está demandando o Poder Público de uma situação. Protocolou o projeto na última terça-feira e agora espera uma resposta da Prefeitura, que prometeu 30 dias para para se manifestar. “Deveria dar a resposta em dois dias”, dispara.

Caso haja, aí terá que ser aberto um processo de licitação e aqueles tramites todos.

Enfim, na cidade das polêmicas, José Figueiredo trouxe como cartão de visita, uma proposta ousada, mas que ele apresenta querendo empurrar goela abaixo.

Não é assim que se faz. Pelo contrário, deste jeito pode-se perder uma boa ideia.

Quem quiser acompanhar a entrevista, pode rever no Facebook do Informe Blumenau.

4 Comentário

  1. Realmente a ideia é ótima, mas a arrogância e prepotência do cara é péssima, o dinheiro para o investimento pode ser dele e deve ser remunerado, só esquece que é um local publico e de boas intenções o inferno esta cheio, esta proposta é muito lucrativa para ele.

  2. Certamente quando o cara diz que “Deveria dar a resposta em dois dias”, ele não está nem aí para a opinião dos demais blumenauenses. No mínimo, mas no mínimo tem que convocar o Conselho de Planejamento (COPLAN) para deliberar. A prefeitura por si só, não pode decidir sozinha por um projeto que impactará por décadas na cidade. Não se trata de atrasar a decisão, mas ser tecnicamente fundamentada brevemente debatida com as principais entidades da sociedade civil envolvidas com o planejamento urbano. É assim na Alemanha, Inglaterra e muitos outros países desenvolvidos que o próprio empresário supostamente deve admirar.

  3. As parcerias público/privadas, tem se mostrado o único meio de se conseguir evoluir nas questões ligadas principalmente ao lazer da população. Onde não há dinheiro para o mínimo de estruturação do município, onde tudo está comprometido com o corporativismo, acredito que deveríamos apoiar e aplaudir iniciativas dessa natureza, ao invés de procurarmos onde criticar apenas.
    Rodolfo de Salvo

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*