Em novembro escrevi que as costuras que o presidente eleito Lula (PT) estava fazendo para ter apoio no Congresso Nacional, se confirmadas, deixaria muitos políticos catarinenses em posição desconfortável. Com o anúncio de todos os nomes que comporão os 37 ministérios, nesta quinta-feira, as previsões se confirmaram. União Brasil, PSD e MDB estão, formalmente, no governo Lula, cada um ocupando três ministérios.
Em Santa Catarina, as três siglas sempre foram críticas ao PT e simpáticas ao presidente Bolsonaro (PL). Algumas lideranças, como por exemplo o prefeito de Chapecó João Rodrigues (PSD), que foi uma espécie de coordenador da campanha presidencial fora do PL. Ele é um que sinaliza que deixará o partido, mesmo caminho já externado pelo presidente da sigla, Milton Hobus.
Ainda no PSD, fico curioso com a posição do ex-governador Raimundo Colombo, ele que declarou voto a Bolsonaro, mas num passado não muito distante era carne e unha do Governo do PT quando Dilma Roussef foi presidente.
Já no União, que é a fusão do DEM com o PSL, tem algumas figuras ilustres que sempre se posicionaram contra o PT, entre eles o ex-prefeito de Blumenau Joao Paulo Kleinübing e o quase ex-deputado estadual Ricardo Alba, que por muito pouco não se elegeu deputado federal.
No caso dos nomes citados acima, a decisão é pessoal, é só pedirem para sair e tomarem o seu destino. Mas para quem foi eleito não é assim, pois a troca de sigla significa a perda de mandato.
Um exemplo é o deputado federal eleito Ismael dos Santos, que apesar de ter sido o vereador mais votado da história do PT no começo dos anos 2000, se transformou em adversário e defensor de Bolsonaro. Pragmático, não deve ter uma postura de oposição na Câmara Federal, mas terá que cuidar para não se queimar com sua base eleitoral ligada a Igreja Assembleia de Deus.
Mesma coisa vale para Napoleão Bernardes, eleito deputado estadual pelo PSD. Como filiado do PSDB durante 20 anos, sempre teve uma postura de oposição ao PT, apesar de não se manifestar favorável a Bolsonaro. Tem tudo para ser o novo presidente estadual do PSD e deve ser o homem a conduzir o partido neste novo momento.
No MDB catarinense, que já foi aliado do PT de Lula no tempo de Luiz Henrique da Silveira, o novo presidente é também deputado estadual federal reeleito. Carlos Chiodini terá que se equilibrar nas cordas para manter as rédeas do partido, cuja maioria no estado é anti-PT. Além dele, a sigla elegeu Valdir Cobalchini para a Câmara.
Na bancada estadual, de seis eleitos, todos são refratários ao Partido dos Trabalhadores, em especial o mais votado, o ex-prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli.
No União, a crise deve ser ainda maior. Na Assembleia Legislativa, por exemplo, foi eleito o ex-vereador de Blumenau Marcos da Rosa, pastor da Igreja Assembleia de Deus, bolsonarista convicto e critico petista. Para a Câmara dos Deputados, o único eleito é Daniel Freitas, que se elegeu em 2018 na onda do 17 de Bolsonaro.
Estes com mandato terão muito que se explicar para suas bases, sem terem muito o que fazer pela legislação eleitoral, que diz que o mandato é do partido e não do candidato.
Já os sem mandato podem tomar o rumo que quiserem e estes que é bom observar a coerência – ou não – deles. Aposto que muitos vão esperar para ver como as melancias se acomodarão na carroça.
É certo que no Brasil a maioria dos partidos políticos está mais preocupada com cargos e boquinhas do que com a população. Poucos são os que são fiéis a princípios e propostas. É triste ver que o eleitor não enxerga isso e abona com o seu voto toda essa bandalheira…
voltando a “normalidade”.
Lula perdeu feio em SC, a plausível que haverá pouco espaço para gente daqui no Governo dele. Mas sempre caberá um “companheiro(a)”, como sempre foram os governos petistas (cabides de emprego).