Georgia Faust
Pedagoga
Blumenau é uma cidade construída historicamente para o trabalho. Desde os primórdios da colonização, os poucos espaços existentes eram usados para moradias, ruas, empreendimentos. Esta lógica de distribuição dos espaços urbanos fez de nossa cidade o que ela é hoje, uma cidade com muitos espaços urbanos com áreas industriais, comerciais, de prestação de serviços e poucas áreas para a prática de esporte e lazer.
A modernidade fez os administradores buscarem espaços para praças e parques públicos, sendo o Parque Ramiro Ruediger o mais popular de todos. Todos os dias milhares de pessoas ali caminham, pedalam, praticam esportes e reúnem-se para conversar, se divertir e encontrar amigos; nos finais de semana o movimento é muito maior, demonstrando claramente o sucesso do local e a necessidade de mais espaços públicos que tenham por única finalidade o lazer.
Na ultima semana, a polêmica da vez aqui, é a proposta de privatização do Ramiro. Empresários viram no sucesso de público do parque uma oportunidade de lucro fácil, visto que já existe infraestrutura na área e um público consumidor em potencial que circula nas suas dependências.
A proposta é revitalizar (descaracterizar?) a área, construindo novos equipamentos para a prática de esporte e lazer, agregando uma cervejaria e novos equipamentos, obviamente pagos pelos usuários que desejarem usufruir das novidades.
Entendo que a privatização do Ramiro vai na contramão do que o mundo todo está fazendo. Não precisamos aumentar os locais para consumo de comida e bebida, a região onde esta o Ramiro é bem servida de estabelecimentos que proporcionam estes serviços.
O que precisamos de mais áreas verdes, precisamos de mais parques e praças nos bairros, precisamos de mais áreas para a prática de esportes, precisamos de mais gramado e árvores no Ramiro.
Se a manutenção e limpeza do parque é insuficiente, quem deveria ser cobrada é a Prefeitura, para que faça o seu papel.
Precisamos de mais parques, mais áreas verdes, mais gramados e árvores. O ideal seria termos mais espaços como o Ramiro (quiçá maiores) espalhados pelos bairros e não reduzir o espaço que dispomos.
A proposta apresentada, que em alguns momentos mais parece a de um shopping ao ar livre, tendo como objetivo o lucro, em detrimento de um espaço que simplesmente sirva para o lazer e bem estar da comunidade.
Por fim, já que não é nossa vontade afugentar empreendimentos que proporcionem alternativas à população blumenauense, sugiro aos empresários que querem investir em Blumenau que adquiram um terreno similar ao tamanho do Ramiro e realizem o seu projeto de forma totalmente privada.
Considerando a falta de opções do blumenauense em esporte e lazer, tenho certeza que será um sucesso.
É impressionante a falta de fundamentos, fatos e argumentos que rodeiam o debate “privatização x estatização”. O mais intrigante, na minha opinião, é que os mesmo defensores do “menos consumo, mais lazer”, são os mesmo que, quando desejam consumir algo em especifico, tendem à procurar um shopping ou locais privados – pelo menos até hoje, não conheço ninguém que não consome um pouco do capitalismo malvado.
Existem vários locais públicos que deveriam servir para o lazer da comunidade na região. Infelizmente, a realidade é bem diferente: locais depredados, jogados ao descuidado; pontos de entretenimento que, ironicamente, se tornaram localidades de entretenimento para usuários de drogas; gastos exorbitantes em manutenções ridiculamente mau feitas. Enfim, posso identificar diversos problemas dos locais de “menos consumo, mais lazer”, para a senhora Georgia Faust.
A questão aqui é: o que o governo está fazendo com nosso dinheiro? Pois bem, eu sinceramente não sei. Ações, como por exemplo, da revitalização do Cais Mauá, em Porto Alegre/RS, deveriam ser veneradas pela população, e não criticadas. O caso Ramiro Ruediger é apenas uma questão de tempo até que se torne mais um “bem maravilhoso” igual tantos outros jogados ao descaso em nossa cidade.
Sem dúvida, o Ramiro Ruediger é o melhor parque da região, mas isso é como comparar o menos feio entre tantos outros “feinhos”. Afirmo com unhas e dentes: precisamos de menos governo e mais empreendedorismo. A criação de métodos para gerar receita com foco em abater os custos do parque Ramiro, melhorar o serviço péssimo existente, trazer inovações para o público em geral e satisfazer unicamente o pagador de impostos – que acabou virando, ao longo dos últimos anos, uma vitima do monopólio estatal -, deve ser a principal preocupação do governo municipal. Vamos realocar nossos impostos/recursos para os setores que a população começa a passar sufoco, como segurança pública, saúde e educação.
Sempre estarei disposto para escutar qualquer projeto inovador.